Piometra, a doença fatal que acomete fêmeas de todas as espécies e idade

A hiperplasia endometrial cística também conhecida como piometra, é uma patologia que pode atingir o sistema reprodutor feminino, mais especificamente, o útero de fêmeas domésticas não castradas, ocorrendo devido a uma produção exacerbada e prolongada do hormônio progesterona que estimula as glândulas secretoras, e abrindo a cérvix permitindo a ascensão de bactérias da microbiota normal da vulva e da vagina para dentro do lúmen uterino (Rossi et al 2022) formando um acúmulo de líquido no lúmen, o que torna o ambiente propício a infecções bacterianas secundárias tornando a secreção purulenta, (Pereira et al 2019)

A piometra não possui predisposição racial, e é mais frequente acometer animais de meia idade, e idosos, raramente animais jovens apresentam essa doença, e quando ocorre, geralmente está associada ao uso de progestágenos exógenos. Apresentando duas formas: com a cérvix aberta ou fechada. Casos que se encontra a cérvix aberta, o sintoma mais comum que a paciente pode apresentar é a secreção vaginal, ao contrário da piometra fechada onde a secreção é ausente, estes casos são potencialmente mais graves e de emergência médica, devido ao tutor não notar sintomas aparentes, e podendo causar uma possível ruptura no útero, e consequentemente que o líquido extravasa para a cavidade abdominal podendo evoluir para um quadro de sepse e óbito do animal (Dyba et al 2018 apud Rossi et al 2022).

A Escherichia coli é o agente etiológico mais frequentemente encontrado nas amostras uterinas de cadelas com piometra e, em muitos casos, o único agente encontrado, esssa bactéria libera endotoxinas as quais são responsáveis pelos sinais clínicos sistêmicos (Rocha et al., 2021). Outras bactérias como Klebsiellas, Pseudomonas, Staphylococcus e Streptococcus podem ser encontradas (Machado, 2017 apud Rossi et al 2022).

O diagnóstico da piometra deve ser feito através do histórico do animal, a anamnese detalhada para o acesso a informações como se a paciente já fez uso de hormônios como método contraceptivo, ocorrência do último cio, prenhez e parto. (Oliveira et al 2019 apud Rossi et al 2022). Além dos exames complementares, como hemograma para avaliar o nível da infecção, anemia e desidratação, bioquímicos e urinálise, o exame de imagem a ultrassonografia do abdômen total, auxilia na
identificação do útero e seus aspectos como tamanho, forma, textura dos tecidos e conformações dos órgãos sem a interferência das coleções de líquido no interior do órgão nas imagens. O exame radiográfico, por sua vez, auxilia na identificação de piometra fechadas, mostrando imagens características, uma vez que o útero aparece com uma estrutura dilatada, homogênea e sacular desde a pelve.(Oliveira et al., 2019 apud Rossi et al 2022).

Em alguns casos, o tratamento deve ser iniciado com a terapia medicamentosa através da administração de antibióticos para realizar a diminuição das bactérias presentes e o risco de sepse, que consiste na infecção generalizada, (Rocha et al 2021 apud et al Rossi 2022). O tratamento mais eficiente e mais utilizado é o cirúrgico, através da ovariosalpingohisterectomia, que consiste na retirada do útero e ovários.

Há também o tipo de piometra de coto, um tipo raro sendo consequência de uma infecção bacteriana na porção remanescente do corpo do útero após a castração mal sucedida. Desta forma, os ciclos ovarianos continuam ocorrendo e agindo no útero remanescente produzido a progesterona e dando início a inflamação e infecção bacteriana (Oliveira et al 2019 apud Rossi 2022).

Referências:
ROSSI, Lucas et al; Piometra em cadelas-revisão de literatura; Research, Society and Development, v. 11, n. 13; Centro Universitário da Serra Gaúcha, Brasil 2022.
disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/35324/29617/391942


PEIXOTO, Anna et al;Piometra em cadela de 10 meses: relato de caso; Pubvet, Medicina Veterinária e Zootecnia,v,17 n.5, e1390,p-18 2023.
disponível em:
https://ojs.pubvet.com.br/index.php/revista/article/view/3106/3152


PEREIRA, Milena; et al; Complexo Hiperplasia Endometrial Cística-Piometra-Relato de Caso; Fundação Universidade Federal do Mato Grosso do Sul 2019.
disponível em:
https://famez.ufms.br/files/2019/12/COMPLEXO-HIPERPLASIA-ENDOMETRIAL-C%C3%8DSTICA-PIOMETRA-Relato-de-Caso.pdf

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